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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Vida acadêmica e produção cientifica.



Mais um SIEPE passou (o VI SIEPE), e passado alguns dias me proponho de forma tranquila tecer alguns comentários como forma de fomentar a reflexão acerca da passagem e participação pela vida Acadêmica no que se refere ao Campus de S. do Livramento.

O acesso ao ensino superior no Brasil demonstra melhoras consideráveis nos últimos 8 anos, principalmente, ao que se refere a expansão através da criação de várias novas instituições de ensino superior pelo território nacional (a qualidade ainda é uma meta a ser alcançada), dentro deste contexto se encontra nossa Unipampa e aqui mais precisamente em foco, o campus de Livramento.
Alguns problemas de estruturação dos cursos começam a ser debatidos, falo por proximidade do curso de ADM, debate que visa alinhar a teoria e prática (ensino) e ainda fortalecer os ainda fracos pilares de pesquisa e extensão.

O SIEPE tem por objetivo a iniciação científica de graduandos, ou seja, que os trabalhos, projetos e pesquisas feitos para as disciplinas de curso, tenham um espaço para mostra e apresentação, num ambiente universitário de trocas e aprendizado mútuo. 

Neste ano entre os campi mais premiados figurou Uruguaiana, Livramento teve 2 trabalhos premiados apenas. Obviamente não é a questão de quantificar quem mais conquista prêmios ou quem mais submete trabalhos acadêmicos, mas o indicativo de uma alienação que nos assola, alunos zumbis no piloto automático que cumprem o horário de aula ao menor custo possível, leia-se, menor esforço e que apenas passam pela academia, literalmente, deixando várias lacunas por pura inanição voluntária.

Não há interesse na produção científica, produção esta que logo ali na conclusão do curso causará um imenso susto e estranhamento na hora de fazer o projeto de TC e o próprio TCC. Os trabalhos e pesquisas obrigatórios são feitos com superficialidade e pouco interesse, apenas cumprem o mínimo necessário para que se atinja uma nota média.

Professores também têm certa culpa, pois por vezes, solicitam trabalhos com uma formatação simplista que estimula a preguiça, às vezes os prazos são absurdos, incentivando o “qualquer coisa”, por vezes ainda as orientações são dúbias e os temas enfadonhos. Não são todos, alguns servem de exemplo contrário, pois não aceitam que graduandos de uma federal se contentem com uma produção caricata. Talvez muitos tenham se resignado dado vários fatores que agem no ambiente.

Sofremos todos. A passagem incomoda pela academia é reflexo dos tempos que vivenciamos. Especialização como única forma de obter-se vaga no mercado de trabalho. Senso crítico sufocado, aceitação passiva do que nos é imposto como único caminho, caminho este, que serve a certos interesses bem definidos e que conta com a neutralidade pálida e submissa. 

O SIEPE, a Unipampa e claro, nosso campus, tem problemas bem sérios a serem resolvidos, mas nenhum deles impede discentes e docentes de se atreveram a alçar voos maiores, o SIEPE é uma boa oportunidade de aprendizado compartilhado, porém o evento mais relevante de nossa Unipampa passa quase despercebido no nosso ano letivo, basta ver que este ano apenas um ônibus foi necessário para o deslocamento de alunos, sendo que nem todos eram apresentadores de trabalhos, mais uma vez reitero, não é questão de quantificar, mas dos indícios que alguns números fornecem.

Este texto é antes de tudo uma autocritica, e busca a reflexão como já enunciado anteriormente. Cabe a nós alunos buscarmos ampliar verdadeiramente nosso conhecimento, não aceitar apenas o que nos é passado formalmente, mas sim indignar-se e arriscar-se propondo uma produção acadêmica de valor e conteúdos relevantes, sempre amparados por orientadores que visem também a necessidade de assumirmos o papel de acadêmicos responsáveis pela alteração de panoramas vigentes.

O próximo SIEPE será em 2015 em Alegrete. Mais uma oportunidade nos alcançará de mostrarmos nossa produção acadêmica, mais uma oportunidade de vivência acadêmica... E ai vai seguir na zona de conforto ou vai encarar?!

Anderson Boazan- 
DAAD, Eventos Culturais.

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