Mais um SIEPE passou (o VI SIEPE),
e passado alguns dias me proponho de forma tranquila tecer alguns comentários
como forma de fomentar a reflexão acerca da passagem e participação pela vida
Acadêmica no que se refere ao Campus de S. do Livramento.
O acesso ao ensino superior no
Brasil demonstra melhoras consideráveis nos últimos 8 anos, principalmente, ao
que se refere a expansão através da criação de várias novas instituições de
ensino superior pelo território nacional (a qualidade ainda é uma meta a ser
alcançada), dentro deste contexto se encontra nossa Unipampa e aqui mais
precisamente em foco, o campus de Livramento.
Alguns problemas de estruturação
dos cursos começam a ser debatidos, falo por proximidade do curso de ADM,
debate que visa alinhar a teoria e prática (ensino) e ainda fortalecer os ainda
fracos pilares de pesquisa e extensão.
O SIEPE tem por objetivo a
iniciação científica de graduandos, ou seja, que os trabalhos, projetos e
pesquisas feitos para as disciplinas de curso, tenham um espaço para mostra e
apresentação, num ambiente universitário de trocas e aprendizado mútuo.
Neste ano entre os campi mais
premiados figurou Uruguaiana, Livramento teve 2 trabalhos premiados apenas.
Obviamente não é a questão de quantificar quem mais conquista prêmios ou quem
mais submete trabalhos acadêmicos, mas o indicativo de uma alienação que nos
assola, alunos zumbis no piloto automático que cumprem o horário de aula ao
menor custo possível, leia-se, menor esforço e que apenas passam pela academia,
literalmente, deixando várias lacunas por pura inanição voluntária.
Não há interesse na produção
científica, produção esta que logo ali na conclusão do curso causará um imenso
susto e estranhamento na hora de fazer o projeto de TC e o próprio TCC. Os
trabalhos e pesquisas obrigatórios são feitos com superficialidade e pouco
interesse, apenas cumprem o mínimo necessário para que se atinja uma nota
média.
Professores também têm certa
culpa, pois por vezes, solicitam trabalhos com uma formatação simplista que estimula
a preguiça, às vezes os prazos são absurdos, incentivando o “qualquer coisa”,
por vezes ainda as orientações são dúbias e os temas enfadonhos. Não são todos,
alguns servem de exemplo contrário, pois não aceitam que graduandos de uma
federal se contentem com uma produção caricata. Talvez muitos tenham se
resignado dado vários fatores que agem no ambiente.
Sofremos todos. A passagem
incomoda pela academia é reflexo dos tempos que vivenciamos. Especialização
como única forma de obter-se vaga no mercado de trabalho. Senso crítico
sufocado, aceitação passiva do que nos é imposto como único caminho, caminho
este, que serve a certos interesses bem definidos e que conta com a
neutralidade pálida e submissa.
O SIEPE, a Unipampa e claro,
nosso campus, tem problemas bem sérios a serem resolvidos, mas nenhum deles
impede discentes e docentes de se atreveram a alçar voos maiores, o SIEPE é uma
boa oportunidade de aprendizado compartilhado, porém o evento mais relevante de
nossa Unipampa passa quase despercebido no nosso ano letivo, basta ver que este
ano apenas um ônibus foi necessário para o deslocamento de alunos, sendo que nem
todos eram apresentadores de trabalhos, mais uma vez reitero, não é questão de
quantificar, mas dos indícios que alguns números fornecem.
Este texto é antes de tudo uma autocritica, e busca a reflexão como já enunciado anteriormente. Cabe a nós
alunos buscarmos ampliar verdadeiramente nosso conhecimento, não aceitar apenas
o que nos é passado formalmente, mas sim indignar-se e arriscar-se propondo uma
produção acadêmica de valor e conteúdos relevantes, sempre amparados por
orientadores que visem também a necessidade de assumirmos o papel de acadêmicos
responsáveis pela alteração de panoramas vigentes.
O próximo SIEPE será em 2015 em
Alegrete. Mais uma oportunidade nos alcançará de mostrarmos nossa produção
acadêmica, mais uma oportunidade de vivência acadêmica... E ai vai seguir na zona
de conforto ou vai encarar?!
Anderson Boazan-
DAAD, Eventos Culturais.
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